O que se quer ver

Não foi por falta de aviso. 

Sempre que vejo alguma matéria interessante na NET, e isso se resume a poucos sites, leio e releio o texto, viajo nas imagens e, é claro, busco consistência científica nos fatos. Demoro a acreditar naquilo que a imprensa me vende de graça. E, como acontece também em meios acadêmicos e pesquisas, sempre se apresentam ideias e fatos pré-definidos para um fato ou fenômeno que se dá em nossa frente. É realmente difícil nos desvencilhar daquilo a que estamos agarrados por tradição ou cultura na hora de traduzir a nova informação e talvez isto tenha atrasado (e ainda continua) o andamento da ciência.

Vou dar como exemplo uma das matérias que vi no dia de ontem. Uma linda exposição fotográfica sobre estranhos animais marinhos que foi destaque nA Folha.com (http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/2227-exposicao-na-escocia-revela-mundo-marinho#foto-43369), na 1a. página da BBC Brasil (http://bbc.co.uk/portuguese) e no Uol bichos (http://noticias.uol.com.br/ultnot/bichos/album/bbc/expo_marinhos_album.jhtm?abrefoto=1). Uma imagem de uma moreia (uma espécie de uma enguia elétrica) aparece com um camarão na boca. O que vende mais e o que dará mais retorno? um texto que indique que o pobre camarão virou muqueca no feioso peixe, ou que os dois guardam uma relação simbiôntica em que um limpa os microrganismos e restos alimentares da boca do maior? É, talvez o Homer não entenda mesmo o segundo fato, mas que, se bem explicado fosse, seria bem mais atrativo. Porém, os sites da internet sempre buscam o ponto mais sensacionalista. Parabéns aA Folha pois chamei a atenção para o deslize que foi automaticamente corrigida, mas o outro portal nacional... bom, deixa pra lá.

os animais da foto não quiseram se declarar

Vídeo Game para Macacos

Uma nova onda de games "animais" poderá invadir, em breve, o já tão concorrido mercado de jogos voltados ao público irracional. Macacos foram treinados com um joystick, tipo Super-Nintendo, para brincar com um game em que aparecia um quadrado. Quando este quadrado era uma figura "cheia", o símio guiava um cursor na tela até a letra "D" de denso. Quando a figura era "vazia" o cursor deveria ir para a letra "S" de eSparso. Desta forma, agindo corretamente, o bichinho ganhava uma amendoim e continuava o jogo. Ao errar, o jogo era interrompido por alguns segundos em que o esfomeado não ganhava nada. Contudo, se demonstrasse dúvida, o macaco poderia arrastar o cursor até uma interrogação "?", ao realizar esta manobra ele não ganhava nada mas poderia continuar no jogo sem interrupções. Veja o interessante vídeo em: http://www.bbc.co.uk/worldservice/emp/pop.shtml?l=pt&t=video&r=1&p=/portuguese/meta/dps/2011/02/emp/110222_macaco_teste_nf.emp.xml

sempre na espera do chefão, o macaco tenta passar de fase

Se a mania pega seria fantástico. Poderíamos treinar macacos para outras tarefas virtuais, como a Eleição. Um animal destes poderia ser treinado para ir a urna e optar por um dos candidatos da tela das urnas eletrônicas e, na dúvida, votar em branco. Quem sabe até poderíamos ter outras macacos treinados para substituir nossos políticos na câmara: seria o fim de uma bandalheira de falcatruas que vemos todos os dias.

Mosquitos Farejadores

Já pensou em treinar um mosquito para "caçar" urânio radioativo? Dentre as mais diversas escravizações que fazemos no reino animal (desde os queridos cães até ao cultivo de ostras) mais uma poderia surgir, de acordo com o que foi descoberto por um grupo de neurocientistas e bioquímicos (http://www.pnas.org/content/early/2011/02/08/1012293108). 

Insetos do tipo "mosca de banana", aqueles mosquitos minúsculos e chatinhos que sempre lhe avisam sobre seu bem estar higiênico - sempre aparecendo em horas pouco oportunas - podem ter uma capacidade de diferenciar moléculas em que átomos de ₁H¹, o isótopo mais abundante e estável do hidrogênio, são diferenciadas pela adição do ₁H² , o isótopo do hidrogênio conhecido como Deutério, que apresenta no núcleo um nêutron a mais que o primeiro.

a mosquinha mais chata do mundo e seu perdigueiro aparelho olfativo 

Por apresentar um nêutron a mais, o deutério, ou  ₁D² , tem massa maior (o 2 indica o número de massa do elemento e que é mais trabalhado em química como a massa atômica = 2g/mol) e por isso traria diferentes propriedades em moléculas que o contém pois ao vibrar, uma ligação carbono-hidrogênio, por exemplo, apresentaria diferentes propriedades daquela carbono-deutério. É o que ilustra a figura a seguir em que massas diferentes suportadas por uma mola apresentariam uma maior expansão da mola; logo uma vibração com elementos de maior massa fazem com que a ligação química fique mais longa.

E é exatamente este estreitamento ou alongamento da ligação química que o aparelho olfativo pode diferenciar. E quando digo "aparelho olfativo" digo que pode ser o de qualquer um e que, teoricamente, um perfume à base de deutério poderia ser o próximo Carolina Herrera!

use D₂O e fique livre da Drosophila melanogaster

Refrigerantes caseiros

Cansado daquela velha receita de água, açúcar, extrato de noz de cola e gás carbônico? Quanto você pagaria para fazer a sua própria bebida gaseificada? Estas são as perguntas que podem ser respondidas pelo vendedor do "revolucionário" U-FIZZ Drink Carbonation Kit, disponível por apenas 7,99 dólares americanos no site Think Geek (http://www.thinkgeek.com/).

A receita é simples. Pegue a sua bebida preferida, coloque em uma garrafa PET. Em outra garrafa, coloque vinagre e (com uma peça do revolucionário U-FIZZ Drink Carbonation Kit) coloque bicarbonato de sódio em grandes quantidades com agitação, depois de ter conectado as duas garrafas com um caninho plástico. Ficou difícil imaginar o processo? O cientista idealizador do invento mostra, em um vídeo, a facilidade de sua proeza

E, a não ser para os urinoterapeutas, não aconselho a última dica do vídeo acima.

Carro movido a Pipa

Primeiro, o homem passou pela Torre Eiffel com um balão. Depois de avião. Outro atravessou o mar de monomotor, de submarino, de pedalinho, enfim, atravessar distâncias é uma das missões humanas: Explorar o Inexplorado. Mas não foi por isso que uma equipe alemã atravessou a Austrália.

Buscando comprovar a versatilidade de um carro elétrico movido a vento, uma Deutsche dupla atravessou o sul da Austrália usando tanto a energia elétrica em motores quanto a presença de velas e de uma pipa, tipo aquela de kite surf.

Uhuuu!!  Fera!!

Fica pra mim a intrigante dúvida em pensar como seria um carro destes aqui no Brasil.

Hanibal Lecter das Cavernas

"Querida, o que temos hoje pro jantar?". A resposta pra esta pergunta, há 14mil anos atrás, na Inglaterra, poderia ter sido "Miolos frescos" ou "Miolos Mexidos" ou "Carpaccio de cérebro", dependendo do refinado gosto culinário do homem da época.

      Cientistas que estudam crânios descobertos em algumas cavernas notaram marcas de uso de ferramentas líticas nos ossos da cabeça de alguns humanídeos que sugerem que eles tenham ido para o almoço - literalmente. No entanto, o cocuruto pode ter sido usado ainda como utensílio para beber ou comer outros itens de uma dieta pré-histórica.

      Vale a pena ver o vídeo da BBC http://www.bbc.co.uk/worldservice/emp/pop.shtml?l=pt&t=video&r=1&p=/portuguese/meta/dps/2011/02/emp/110217_video_cranio_canibalismo.emp.xml

      Melhor que este vídeo só mesmo o de uma propaganda da FedEx 

Poli-D

A moda agora é cinema 3-D: desenhos animados, filmes de aventura, séries de TV, imagens em computadores, tudo ganhou profundidade ou fugiu do plano x´´y dos tubos de imagem ou das telas de projeção. mas aguardem, em breve, uma outra dimensão aos aparelhos de hoje em dia.

"E se tivesse cheiro?", foi a pergunta que ouvi nesse último fim de semana. Bom, talvez ao nossos aparelhos olfativos, certas imagens devessem ser poupadas de mais uma dimensão. Dimensão esta, a dos cheiros, muito utilizadas por animais e insetos e que pode localizar um objeto em tempo e espaço (uma quarta dimensão temporal e outra dimensão espacial ou seria isso uma viagem da minha insã consciência?), mas seria interessante saber como cães percebem a presença de outros bichos e objetos ao longo da casa.

Melhor ainda, poderíamos trocar informações com cheiros. Um "detestei seu penteado" com cheiro de hortelã ou um "me empresta 50 paus" com cheiro de luva de borracha. Enfim, mais uma coisa já explorada no mundo animal com a troca de hormônios que podem ser usados nos mais diferentes casos. "Ataque este aqui" é um dos clássicos exemplos em que uma abelha avisa as demais da presença de um intruso ao liberar um feromônio junto à picada.

3o. Curso de Introdução ao Estudo de Cavernas (Espeleologia)

Acabou ontem (05.02.2011) a terceira edição do curso que ministro junto ao Centro Universitário UNA, um curso de extensão aberto ao público em geral e que conta com 24 horas/aula, destas, 12 horas de trabalhos de campo.

Foram 13 alunos pagantes mais 3 bolsistas, guias da Gruta Rei do Mato, que puderam ter palestras de relevo cárstico, espeleogênese, formação de espeleotemas, paleo e arqueologia, técnicas de exploração e topografia e bioespeleologia, além de poderem ter compartilhados os projetos desenvolvidos por alunos e mestrandos na área espeleológica. Os campos foram realizados nos sábados (dias 29.01 e 05.02) na gruta Morena - Cordisburgo, e no Parque das Mangabeiras - BH, respectivamente, sempre contando com as devidas altorizações dos órgãos competentes pela guarda destes patrimônios naturais!!

Como nos outros cursos, posto aqui alguma fotos e comentários, nada científicos, a respeito do curso. Obrigado aos alunos que mostraram o interesse!  Luciano (dica: se clicarem na foto ela aumenta de proporção)

 o primeiro "parto" a gente nunca esquece: Lama, lama, lama!!!

 Felipe e André em: Missão Morena - para o fundo e avante!

 A assustadora boca engolidora de homens e Gestores Ambientais de macacões azuis

 "Time to relax": o povo da geografia fazendo coleta de minerais dentro da bota

 Pose para a foto: 10 segundos imóveis dentro do rio subterrâneo

 O Jean Claude Van-Damme das grutas: 180graus de abertura de perna na Gruta do Mirante

E a espeleo-modelo: Mônica e seu macacão laranja-no.3

Espaço cheio!

Por acaso caiu um avião de papel na sua casa hoje que veio do nada? Talvez isso tenha acontecido pois o espaço não é mais a fronteira final. 

Se no post anterior eu falava de câmeras no espaço, outro grupo de ingleses, bem mais originais, colocaram em órbita, além da câmera, um punhado de aviõezinhos de papel com um cartão de memória de como os de máquinas fotográficas. Ao achar um aviãozinho deste, se você foi um destes sortudos, leia a mensagem e mande um e-mail para o http://projectspaceplanes.com/. Até agora, os responsáveis pela brincadeira dizem já ter obtido respostas da Austrália, Índia, Rússia e Alemanha provando que os aviões percorreram um bom pedaço de chão!

O vídeo deles é divertidíssimo e a ideia mais interessante ainda:

Só fico imaginado o que será lançado no espaço da próxima vez por algum inglês maluco.

Espaços não tão vazios

Como já diria aquele personagem da Disney: "Para o infinito, e além!", e com isso o espaço não está tão vazio como antes. Isso pois, desde o ano passado, alunos de universidades européias têm colocado em prática simples e baratos projetos de exploração espacial, colocando quase fora da atmosfera terrestre balões munidos de câmeras. Talvez, também influenciados pela animação disneylandiana "UP, altas aventuras"

um desenho, no mínimo, inspirador

No fim do ano passado os pós-graduandos Alex Baker e Chris Rose, ambos de Ashbourn, Inglaterra, lançaram seu protótipo câmera-balão com localizador GPS, tudo, dentro de uma caixinha de isopor para resistir às baixas temperaturas sub-espaciais. Após encher um balão atmosférico com gás hélio e de munir a caixa com um pequeno pára-quedas, o aparato voou por aprox. 160km, atingindo uma altitude máxima de 37km depois de passar 2:50hs sem contato com o chão. O vídeo, montado pelos alunos, está disponível no Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=gfgOYsWnisk&feature=fvwk) que mostra o processo de fabrico e lançamento do aparato.

uma das imagens capturadas pela pequena câmera dos ingleses